Certo dia, ao passar do guache para a paleta, o amarelo conheceu o azul. Foi contraste à primeira vista. O amarelo, uma cor quente, alegre e divertida; o azul, frio, calmo e arrogante. É óbvio que, pintados na mesma tela, só podiam dar problemas. O azul começou a ocupar o espaço todo, a impingir uma sombra aqui e uma textura acolá, enquanto que o amarelo, indignado, insistiu em fazer um borrão ali e um risco mais acima.
Quem sofria com a disputa era o pobre pincel. Agarrava no amarelo – ou melhor, o amarelo agarrava-se a ele – colocava-o no sítio em que ele pedia e lá ia mergulhar mais uma vez na água do corpo que, muito orgulhosa, se queixava:
- Se ao menos fosse o verde a nadar em mim e não um reles amarelo e azul. Vocês bem se podem chamar cores primárias, mas são mas é cores vulgares! Ainda não vi um único pingo de verde na paleta. Coitado, deve estar muito ocupado…
O pincel, calado, continuava a fazer o seu trabalho e o azul e o amarelo sempre a guerrearem. Às vezes ficavam tão perto que, com o asco de se tocarem, colocavam uma fina linha preta entre eles. No meio disto tudo, a magenta tentava impor a suavidade na composição. Ia dando um abraço ao azul e um beijo ao amarelo para que eles ficassem menos azuis e amarelos, e se dessem melhor. Estes, aterrorizados com a ideia de perderem a sua individualidade, fugiam dela de cada vez que a viam.
Uma vez, em pânico, ficaram tão próximos um do outro que finalmente deram as mãos.
- Ele está cá! Ele está cá! Ai minha Nossa Senhora da Criação, ele está cá! – gritou a água, histérica. As duas cores olharam para o canto da tela em que se tinham misturado: o verde nascera.
O novo protagonista era sensato e dócil. Todos o adoravam e ele, em pouco tempo, dominou a pintura. O azul e o amarelo, ao perderem o impacte visual naquela tela, contentaram-se a ficar na paleta, reformados e orgulhosos da sua junção e a desejar, secretamente, que houvesse muitas mais.
Texto escrito por Joana Dias, do 8ºB
Quem sofria com a disputa era o pobre pincel. Agarrava no amarelo – ou melhor, o amarelo agarrava-se a ele – colocava-o no sítio em que ele pedia e lá ia mergulhar mais uma vez na água do corpo que, muito orgulhosa, se queixava:
- Se ao menos fosse o verde a nadar em mim e não um reles amarelo e azul. Vocês bem se podem chamar cores primárias, mas são mas é cores vulgares! Ainda não vi um único pingo de verde na paleta. Coitado, deve estar muito ocupado…
O pincel, calado, continuava a fazer o seu trabalho e o azul e o amarelo sempre a guerrearem. Às vezes ficavam tão perto que, com o asco de se tocarem, colocavam uma fina linha preta entre eles. No meio disto tudo, a magenta tentava impor a suavidade na composição. Ia dando um abraço ao azul e um beijo ao amarelo para que eles ficassem menos azuis e amarelos, e se dessem melhor. Estes, aterrorizados com a ideia de perderem a sua individualidade, fugiam dela de cada vez que a viam.
Uma vez, em pânico, ficaram tão próximos um do outro que finalmente deram as mãos.
- Ele está cá! Ele está cá! Ai minha Nossa Senhora da Criação, ele está cá! – gritou a água, histérica. As duas cores olharam para o canto da tela em que se tinham misturado: o verde nascera.
O novo protagonista era sensato e dócil. Todos o adoravam e ele, em pouco tempo, dominou a pintura. O azul e o amarelo, ao perderem o impacte visual naquela tela, contentaram-se a ficar na paleta, reformados e orgulhosos da sua junção e a desejar, secretamente, que houvesse muitas mais.
Texto escrito por Joana Dias, do 8ºB
1 comentário:
Venham mais contos, menina Joana!
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